Aos poucos falarei de todos os ativos presentes nas químicas capilares, mas vou começar pela guanidina.
O hidróxido de guanidina é, na verdade, a mistura do hidróxido de cálcio com o carbonato de guanidina, que resulta em um composto que relaxa os fios.
É mais potente que o tioglicolato de amônia e menos potente que o hidróxido de sódio. Além disso, age mais lentamente que os demais ativos alisantes (exceto o tioglicolato de amônia), pois é formada por moléculas quimicamente maiores.
A grande vantagem da guanidina em relação aos outros ativos, principalmente ao sódio, é que ela é mais compatível com a nossa pele, não causando tanta ardência e irritação como o hidróxido de sódio.
Apesar de ser menos irritante, a guanidina resseca os fios mais que os outros ativos, trazendo ainda mais prejuízos para a fibra capilar. Esse ressecamento vai ser maior ou menor dependendo da qualidade do produto usado e do estado em que se encontra o cabelo.
É comum que após o uso da guanidina ocorra um clareamento capilar, sobretudo nas pontas, com perda de pigmentos e enrijecimento dos fios. Em relação a pigmentação, é normal que todo alisamento, independente do ativo usado, provoque interferência na cor. Quanto ao enrijecimento, ele normalmente acontece quando restam resíduos do produto nos fios, o que deixa o cabelo ainda mais poroso, opaco e ressecado.
Quanto à compatibilidade, a guanidina só é compatível com ela mesma e com as colorações sem amônia.
Aqui surgem vários questionamentos, pois é consenso que não se deve misturar guanidina com tinturas à base de amônia, vez que esses ativos são incompatíveis.
Ocorre que alguns profissionais entendem que a tintura pode sim ser utilizada em cabelos que foram submetidos a procedimentos com guanidina, desde que seja respeitado o lapso temporal de 20 dias, que os fios estejam em perfeita condição de receber a química e que o cabelo tenha recebido tratamentos com proteínas para recompor a fibra.
Sustenta-se, pois, que o que determina se pode misturar ou não é a estrutura da fibra capilar, que se estiver fragilizada pode resultar em corte químico.
Mais uma vez, o teste da mecha seria o personagem principal para a análise da possibilidade da utilização das duas químicas.
Outra questão que gera dúvidas é sobre a troca dos ativos usados no alisamento. O correto é que não se misturem ativos alisantes para que não ocorra o corte químico. Se você usa guanidina, o uso de outro ativo só deve acontecer na parte do cabelo que já cresceu, sobretudo se o ativo em questão foi o tioglicolato.
O certo é que a sobreposição de componentes mesmo a utilização frequente do mesmo ativo pode sobrecarregar os fios, fragiliza-los, resseca-los e resultar em um corte químico. Por isso, é de fundamental importância que se faça o este da mecha antes de qualquer procedimento químico nos fios para evitar riscos desnecessários.
Beijos
Ju